sábado, 27 de fevereiro de 2010

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Ainda pasma e horrorizada, lá estava eu em minha sala olhando a perícia e o IML “embalando” meu marido naquele enorme saco preto –que sempre me arrepiavam até a alma. Desolada olhando àquela cena, milhares de flashes se passaram em minha cabeça. Tudo o que passamos juntos acabado ali, no chão de minha sala.

Em passos lentos e curtos, caminhei até um dos policiais –amigo da família- e o perguntei se tinham alguma hipótese do o porquê da morte. Pensaram em suicídio. Esbocei um sorriso em forma de agradecimento e fui até a cozinha.

Peguei um copo de água e me sentei em um dos banquinhos da bancada, apoiei meus cotovelos no balcão e afundei meu rosto em minhas mãos e me coloquei a chorar.

Lembrei-me que a um pouco mais de 24 horas atrás, eu e Bem tivemos uma briga. Feia.
O chinguei de coisas horríveis, mas isso veio com tamanha reciprocidade que cheguei a ficar assustada. Se realmente o motivo da morte dele tiver sido suicídio, me sentirei culpada pelo resto de minha vida. Lembrei-me também do sonho que tive na noite anterior. Um homem, uma coisa, uma espécie de Morte, citou uma frase que gosto muito no livro “A Menina que Roubava Livros”, que é mais ou menos assim: “Um dia você vai morrer.”

Agora, aqui, com Bens já morto, percebo que a frase faz sentido –mais sentido ainda, quero dizer-, posso não estar morta de fato, mas por dentro não me sinto viva o bastante para viver.

Saio de meus pensamentos, com James –o policial- me chamando, caminho até ele para ver qual era o motivo do “chamado”. Confirmado. A morte de Bem, fora suicídio.

Um nó se formou em minha garganta e com ele, lágrimas brotaram em meus olhos, mas fui forte o bastante e não as derramei.

Mais uma vez a nossa briga veio em minha cabeça e me lembro exatamente de seus últimos atos: “Apesar de tudo Jen, eu ainda te amo.” Depois de dito isso, Bem foi dormir em nosso quarto.

Ao me lembrar disso, senti um calafrio e, pude jurar que vi a “Morte” de meus sonhos. Mas não, não poderia ser. Saí desses pensamentos e fui até a sala. A maioria dos policiais já haviam ido embora. Só sobrara James, que assim que saiu, me sorriu de uma maneira reconfortadora e me deu seus pêsames.

Fiquei ali esperando o último tira sair, observando o luar. Aquela noite estava estranhamente assustadora. O luar criava um ar de penumbra na rua deserta –a não ser pelo carro de polícia parado a porta- e escura. O vento movimentava as árvores de uma maneira sincronizada e bizarra . A sombra dos galhos refletidos no asfalto, davam um ar de suspense bem original.

Permaneci ali por mais uns 20 minutos. Quando dei por mim, estava sozinha em casa.

Resolvi tentar dormir. Apaguei as luzes, tranquei a porta e fui em direção a meu quarto.

Observei mais uma vez a rua e, quando estava me virando, vejo a imagem de Bem refletida no vidro da janela sorrindo para mim. Sorri para eu mesma e fui dormir.

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Poisé, quase um mês sem postagens D:
Esse texto ja tava pra postar a um tempão, mas a falta de tempo não deixa =/
Bom, semana que vem começam as minhas provas, mas prometo, que farei de tudo pra tentar postar aqui, nem que seja de 2/2 semanas :)
Beeijos, e um bom final de semana :*

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